O SAGRADO MAGISTÉRIO ESINA
"Exortação a amar a Igreja
89. Até aqui, veneráveis irmãos, meditando o mistério da
nossa arcana união com Cristo, procuramos, como doutor da Igreja universal,
iluminar as inteligências com a luz da verdade; agora julgamos conforme ao
nosso múnus pastoral excitar os corações a amar o corpo místico, com ardente
caridade, que não se fique em pensamentos e palavras, mas se traduza em obras.
Se os fiéis da antiga lei cantaram da cidade terrena: "Se eu me esquecer
de ti, ó Jerusalém, paralise-se a minha mão direita; fique presa a minha
língua ao meu paladar, se eu não me lembrar de ti, se não tiver Jerusalém
como a primeira das minhas alegrias" (Sl 136,5-6); com quanto maior ufania
e júbilo não devemos nos regozijar por habitarmos a cidade edificada sobre o
monte santo, com pedras vivas e escolhidas, "tendo por pedra angular Cristo
Jesus" (Ef 2,20;1Pd 2,45). Realmente não há coisa mais gloriosa, mais
honrosa, mais nobre, que fazer parte da Igreja, santa, católica, apostólica,
romana, na qual nos tornamos membros de tão venerando corpo; nos governa uma
tão excelsa cabeça; nos inunda o mesmo Espírito divino; a mesma doutrina,
enfim, e o mesmo Pão dos Anjos nos alimenta neste exílio terreno, até que,
finalmente, vamos gozar no céu da mesma bem-aventurança sempiterna.
a) Com amor sólido
90. Mas para que não nos deixemos enganar pelo anjo das
trevas, transfigurado em anjo de luz (cf. 2Cor 11,14), seja esta a
suprema lei
do nosso amor: amar a esposa de Cristo tal como Cristo a quis e a
adquiriu com seu sangue. Portanto não só devemos amar sinceramente os
sacramentos, com que a Igreja, mãe extremosa; nos
sustenta, e as solenidades com que nos consola e alegra, os cantos
sagrados e a
liturgia, com que eleva as nossas almas à, coisas do céu, mas também os
sacramentais e os vários exercícios de piedade com que suavemente
impregna de
Espírito de Cristo e conforta as almas. E não só é nosso dever pagar com
amor, como bons filhos, o seu materno amor para conosco, senão também
venerar a
sua autoridade que ela recebeu de Cristo e com que cativa as nossas
inteligências em homenagem a Cristo (cf. 2Cor 10,5); e não menos
obedecer às
suas leis e preceitos morais, às vezes molestos à nossa natureza
decaída;
refrear a rebeldia deste nosso corpo com penitência voluntária, e até
mortificar-nos, privando-nos de quando em quando de coisas agradáveis,
embora não perigosas. Nem basta amar o corpo místico no esplendor da
cabeça divina e
dos dons celestes que o exornam; devemos com amor efetivo amá-lo tal
qual se nos
apresenta na nossa carne mortal, composto de elementos humanos e
enfermiços,
embora por vezes desdigam um pouco do lugar que ocupam em tão venerando
corpo." Venerável Servo de Deus Papa Pio XII - Encíclica Mystici Corporis
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