segunda-feira, 30 de abril de 2012

ROMA, segunda-feira, 29 de março de 2010 (ZENIT.org).- Em julho de 2007, com o motu proprio “Summorum Pontificum”, Bento XVI restabeleceu a celebração da Missa segundo o rito tridentino.
O fato suscitou uma agitação. Elevaram-se vibrantes vozes de protesto, mas também aclamações valentes.
Para explicar o sentido e a prática da reforma litúrgica de Bento XVI, Nicola Bux, sacerdote e especialista em liturgia oriental, além de consultor do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, publicou o livro La riforma di Benedetto XVI. La liturgia tra innovazione e tradizione (Piemme, Casale Monferrato 2008), com prólogo de Vittorio Messori.
No livro, o especialista explica que a recuperação do rito latino não é um retrocesso, uma volta à época anterior ao Concílio Vaticano II, mas sim um olhar adiante, recuperando da tradição passada o mais belo e significativo que esta pode oferecer à vida presente da Igreja.
Segundo Bux, o que o Pontífice pretende fazer em sua paciente obra de reforma é renovar a vida do cristão, os gestos, as palavras, o tempo cotidiano, restaurando na liturgia um sábio equilíbrio entre inovação e tradição, fazendo surgir, com isso, a imagem de uma Igreja sempre em caminho, capaz de refletir sobre si mesma e de valorizar os tesouros dos quais é rico seu depósito milenar.
Para tentar aprofundar no significado e no sentido da liturgia, em suas mudanças, na relação com a tradição e no mistério da linguagem com Deus, Zenit entrevistou Nicola Bux.

-O que é a liturgia e por que ela é tão importante para a Igreja e para o povo cristão?
Bux: A sagrada liturgia é o tempo e o lugar no qual certamente Deus vai ao encontro do homem. Portanto, o método para entrar em relação com Ele é precisamente o de dar-lhe culto: Ele nos fala e nós lhe respondemos; agradecemos e Ele se comunica conosco. O culto, do latim colere – cultivar uma relação importante –, pertence ao sentido religioso do homem, em toda religião, desde os tempos mais remotos.
Para o povo cristão, a sagrada liturgia e o culto divino realizam, portanto, a relação com tudo o que existe de mais querido, Jesus Cristo Deus. O atributo “sagrada” significa que nela tocamos sua presença divina. Por isso, a liturgia é a realidade e a atividade mais importantes para a Igreja.

-Em que consiste a reforma de Bento XVI e por que ela suscitou tantas reações?
Bux: A reforma da liturgia, segundo a constituição litúrgica do Concílio Vaticano II, como instauratio, isto é, como restabelecimento no lugar correto da vida eclesial, não começa com Bento XVI, mas com a própria história da Igreja, desde os apóstolos à época dos mártires, do Papa Dâmaso até Gregório Magno, de Pio V e Pio X a Pio XII e Paulo VI.
instauratio é contínua, porque o risco de que a liturgia decaia do seu lugar, que é o de ser fonte da vida cristã, existe sempre; a decadência chega quando o culto divino é submetido ao sentimentalismo e ao ativismo pessoais de clérigos e leigos que, penetrando-o, transformam-no em obra humana e entretenimento espetacular: um sintoma hoje é, por exemplo, o aplauso na Igreja, que sublinha indistintamente o batismo de um recém-nascido e a saída de um caixão em um funeral.
Uma liturgia convertida em entretenimento não precisa de uma reforma? Isso é o que Bento XVI está fazendo: o emblema da sua obra reformadora será o restabelecimento da cruz no centro do altar, para fazer compreender que a liturgia está dirigida ao Senhor e não ao homem, ainda que este seja ministro sagrado.
A reação existe sempre em cada mudança na história da Igreja, mas não é preciso assustar-se.

-Quais são as diferenças entre os chamados inovadores e os tradicionalistas?
Bux: Estes dois termos devem antes ser esclarecidos. Se inovar significa favorecer a instauratio da qual falávamos, é precisamente o que está faltando; assim também quanto à traditio, que significa proteger o depósito revelado, sedimentado também na liturgia. Se, no entanto, inovar significa transformar a liturgia de obra de Deus em ação humana, oscilando entre um gosto arcaico, que quer conservar dela somente os aspectos que agradam, e um conformismo segundo a moda do momento, estaríamos no mau caminho. Ou ao contrário: ser conservadores de tradições meramente humanas, que se sobrepuseram como incrustação na pintura e não permitem que percebamos a harmonia do conjunto.
Na verdade, os dois opostos acabam coincidindo, revelando sua contradição. Um exemplo: os inovadores sustentam que a Missa antigamente era celebrada dirigida ao povo. Os estudos demonstram o contrário: a orientação ad Deumad Orientem, é a própria do culto do homem a Deus. Pensemos no judaísmo. Ainda hoje, todas as liturgias orientais conservam isso. Como é possível que os inovadores, amantes da restauração dos elementos antigos na liturgia pós-conciliar, não o tenham conservado?

-Que significado tem a tradição na história e na fé cristãs?
Bux: A tradição é uma das fontes da Revelação: a liturgia, como diz o Catecismo (n. 1124), é seu elemento constitutivo. Bento XVI, no livro “Jesus de Nazaré”, recorda que a Revelação se tornou liturgia. Depois, temos as tradições de fé, de cultura, de piedade que entraram e revestiram a liturgia, de maneira que conhecemos várias formas de ritos no Oriente e no Ocidente. Todos compreendem, portanto, por que a constituição sobre liturgia, no n. 22, § 3, afirma peremptoriamente: “Ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica”.

-Você acha que seria possível voltar à Missa em latim hoje?
Bux: O Missal Romano renovado por Paulo VI está em latim e constitui a edição chamada típica, porque a ela devem se referir as edições em línguas atuais preparadas pelas conferências episcopais nacionais e territoriais, aprovadas pela Santa Sé. Portanto, a Missa em latim continuou sendo celebrada também com o novo Ordo, ainda que raramente. Isso acabou contribuindo para a impossibilidade de uma assembleia composta de línguas e nações participar de uma Missa celebrada na língua sagrada universal da Igreja Católica de rito latino. Assim, em seu lugar, nasceram as chamadas Missas internacionais, celebradas de forma que as partes da celebração sejam recitadas ou cantadas em muitas línguas; assim, cada grupo entende somente a sua!
Havia-se mantido que o latim não era entendido por ninguém; agora, se a Missa em um santuário é celebrada em quatro idiomas, cada grupo acaba compreendendo apenas 25% dela. Além de outras considerações, como desejou o sínodo de 2005 sobre a Eucaristia, é preciso voltar à Missa em latim: pelo menos uma dominical nas catedrais e nas paróquias. Isso ajudará, no convite à sociedade multicultural atual, a recuperar a participação católica, seja quanto a sentir-se Igreja universal, seja quanto a unir-se a outros povos e nações que compõem a única Igreja. Os cristãos orientais, ainda dando espaço às línguas nacionais, conservaram o grego e o eslavo eclesiástico nas partes mais importantes da liturgia, como a anáfora e as procissões com as antífonas para o Evangelho e o ofertório.
Para instaurar tudo isso, contribui enormemente o antigo Ordo do Missal Romano anterior, restabelecido por Bento XVI com o motu proprio “Summorum Pontificum”, que, simplificando, chama-se Missa em latim: na verdade, é a Missa de São Gregório Magno, enquanto sua estrutura básica se remonta à época desse pontífice e permaneceu intacta através dos acréscimos e simplificações de Pio V e dos demais pontífices até João XXIII. Os padres do Vaticano II a celebraram diariamente, sem advertir nenhuma oposição com relação à modernização que estavam realizando.

-Bento XVI falou do problema dos abusos litúrgicos. De que se trata?
Bux: Para dizer a verdade, o primeiro em lamentar as manipulações na liturgia foi Paulo VI, poucos anos depois da publicação do Missal Romano, na audiência geral de 22 de agosto de 1973. Paulo VI, por outro lado, estava certo de que a reforma litúrgica realizada após o Concílio verdadeiramente havia introduzido e sustentado firmemente as indicações da constituição litúrgica (cf. Discurso ao Colégio dos Cardeais, 22 de junho de 1973). Mas a experimentação arbitrária continuava e exacerbava, no entanto, a saudade do rito antigo. O Papa, no consistório de 27 de junho de 1977, admoestava os “rebeldes” pelas improvisações, banalidades, frivolidades e profanações, pedindo-lhes severamente que se ativessem à norma estabelecida para não comprometer a regula fidei, o dogma, a disciplina eclesiástica, lex credendi orandi; e também aos tradicionalistas, para que reconhecessem a “acidentalidade” das modificações introduzidas nos ritos sagrados.
Em 1975, a bula Apostolorum Limina, de Paulo VI, para a convocação do ano santo, a propósito da renovação litúrgica, observava: “Consideramos extremamente oportuno que esta obra seja reexaminada e receba novas evoluções, de forma que, baseando-se no que foi firmemente confirmado pela autoridade da Igreja, possa-se observar em todos os lugares os que são verdadeiramente válidos e legítimos e continuar sua aplicação com zelo ainda maior, segundo as normas e métodos aconselhados pela prudência pastoral e por uma verdadeira piedade”.
Omito as denúncias de abusos e sombras na liturgia por parte de João Paulo II em muitas ocasiões, em particular na carta Vicesimus quintus annus, desde a entrada em vigor da constituição sobre liturgia. Bento XVI, portanto, pretendeu voltar a examinar e dar novo impulso precisamente abrindo uma janela com o motu proprio, para que, pouco a pouco, mude o ar e encarrilhe tudo o que foi além da intenção e da letra do Concílio Vaticano II, em continuidade com toda a tradição da Igreja.

-Você afirmou diversas vezes que, em uma liturgia correta, é necessário respeitar os direitos de Deus. Você poderia explicar isso?
Bux: A liturgia, termo que em grego indica a ação ritual de um povo que celebra, por exemplo, suas festas, como acontecia em Atenas ou como acontece ainda hoje com a inauguração das olimpíadas e outras manifestações civis, evidentemente é produzida pelo homem. A sagrada liturgia ostenta este atributo porque não está feita à nossa imagem – em tal caso, o culto seria idolátrico, isto é, criado pelas nossas mãos –, mas pelo Senhor onipotente: no Antigo Testamento, com sua presença, indicava a Moisés como ele deveria dispor, nos seus mínimos detalhes, o culto ao Deus único, junto ao seu irmão Aarão. No Novo Testamento, Jesus defendeu o verdadeiro culto, expulsando os vendedores do templo, e deu aos apóstolos as disposições para a Ceia pascal.
A tradição apostólica recebeu e relançou o mandato de Jesus Cristo. Portanto, a liturgia é sagrada, como diz o Ocidente, e é divina, como diz o Oriente, porque é instituída por Deus. São Bento a define como opus dei, obra de Deus, à qual nada deve ser anteposto. Precisamente a função mediadora entre Deus e o homem, própria do sumo sacerdócio de Cristo e exercida na e com a liturgia pelo sacerdote ministro da Igreja, testifica que a liturgia descende do céu, como diz a liturgia bizantina, baseada na imagem do Apocalipse. É Deus quem a estabelece e, portanto, indica como devemos adorá-lo “em espírito e em verdade”, isto é, em Jesus, seu Filho, e no Espírito Santo. Ele tem o direito de ser adorado como Ele quer.
Sobre tudo isso, é necessária uma profunda reflexão, porque seu esquecimento está na origem dos abusos e das profanações, já descritas admiravelmente em 2004 pela instrução Redemptionis Sacramentum, da Congregação para o Culto Divino. A recuperação do Ius divinum na liturgia contribui muito para respeitá-la como coisa sagrada, como prescreviam as normas; mas também as normas devem voltar a ser seguidas com espírito de devoção e obediência por parte dos ministros sagrados, para edificação de todos os fiéis e para ajudar muitos dos que buscam Deus a encontrá-lo vivo e verdadeiro no culto divino da Igreja.
Os bispos, sacerdotes e seminaristas devem voltar a aprender e realizar os sagrados ritos com este espírito, e assim contribuirão para a verdadeira reforma querida pelo Vaticano II e, sobretudo, para reavivar a fé que, como escreveu o Santo Padre na carta aos bispos, de 10 de março de 2009, corre o risco de apagar-se em muitos lugares do mundo.
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MEDITANDO COM SANTOS

"Tenha a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida, meditando-a para saber imitá-la, e agir em todas as circustâncias como ele próprio agiria" 
São João da Cruz - Doutor da Igreja

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Carta de Bento XVI à Conferência Episcopal Alemã a respeito do “Pro Multis”: “O respeito pela palavra de Jesus é a razão para a formulação da oração”.

Fonte: Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com

Excelência! Venerável, caro senhor Arcebispo!

Durante a sua visita de 15 de março de 2012, o senhor me fez saber que, com relação às palavras “pro multis” no canon da Missa, ainda não existe um consenso entre os bispos de língua alemã. Agora parece existir o perigo de que, com o próximo e esperado lançamento do “Gotteslob” ["Livro de Orações"], alguns locais de língua alemã mantenham a tradução “por todos”, ainda que a Conferência dos Bispos tenha concordado em usar o “por muitos”, como é desejo da Santa Sé. Eu tinha lhe prometido que me pronunciaria por escrito sobre esta séria questão para evitar uma divisão no nosso mais íntimo local de oração. A carta, que eu envio através do senhor aos membros da Conferência Episcopal Alemã, também será enviada aos outros bispos de língua alemã.

Permita-me primeiro dizer algumas palavras acerca da origem do problema. Nos anos 60, quando o Missal Romano foi traduzido para o alemão sob a responsabilidade dos bispos, houve um consenso exegético de que as palavras “muitos” e “muito” encontradas em Is. 53, 11 em diante, era uma expressão hebraica que indicaria a comunidade, o “todos”. A palavra “muitos” na narração de Mateus e de Marcos também foi considerada um semitismo a ser traduzido como “todos”. Isto também tinha relação direta com o texto latino que seria traduzido, em que o “pro multis” nas narrações do Evangelho se referiam a Isaías 53 e deviam, portanto, ser traduzido como “por todos”. Este consenso exegético se esfacelou; ele não mais existe. Na tradução alemã da Sagrada Escritura, a narração da Última Ceia diz: “Este é meu Sangue, o Sangue da Aliança, que é derramado por muitos” (Marcos 14, 24, cf. Mateus 26, 28). Isto indica algo muito importante: a exposição do “pro multis” como “por todos” não foi uma tradução pura, senão uma interpretação que foi e continua sendo razoável, mas já é mais que tradução e interpretação.

Esta mistura de tradução e de interpretação pertence, em retrospecto, aos princípios que, imediatamente após o Concílio, nortearam a tradução dos livros litúrgicos para o vernáculo. Entendeu-se quão longe a Bíblia e os textos litúrgicos estavam ausentes da linguagem e do pensamento do homem moderno, de modo que mesmo traduzidos eles permaneceriam largamente incompreensíveis aos participantes do culto divino. Houve um novo empenho para que os textos sagrados fossem revelados, nas traduções, aos participantes da celebração, mas ainda assim eles permaneceriam alijados de seu mundo, e agora sim seriam ainda mais visíveis nesse alijamento. Sentiam-se não somente justificados, mas mesmo obrigados a misturar a interpretação na tradução para que, desse modo, se encurtasse o caminho para o povo, cujas mentes e corações poderiam ser alcançados através dessas palavras.

Até certo ponto, o princípio de uma substantiva, mas não necessariamente justificada tradução literal dos textos-fontes permanece. Quando eu rezo as orações litúrgicas em várias línguas, noto que é frequentemente difícil encontrar um meio termo entre as várias traduções e que o texto base subjacente muitas vezes permanece visível somente quando visto de longe. Além disso, somam-se as debilitantes banalizações que são verdadeiras perdas. Por causa disso, através dos anos, ficou cada vez mais claro para mim que o princípio da equivalência estrutural, mas não literal, enquanto regra de tradução, tem seus limites. Seguindo tais raciocínios, a instrução de tradução Liturgiam authenticam, publicada pela Congregação para a Doutrina da Fé no dia 28 de março de 2001, mais uma vez colocou a tradução literal em destaque, mas, é claro, sem impor um único vocabulário. A importante idéia que se encontra na base dessa instrução já se encontra expressa na distinção entre tradução e interpretação, como escrevi acima. Isto é necessário tanto para a Palavra das Escrituras quanto para os textos litúrgicos. Por um lado, a Palavra sagrada deveria, se possível, apresentar-se a si mesma, mesmo com a estranheza e perguntas que ela contém em si; por outro lado, à Igreja foi dada a missão de interpretar, dentro dos limites do nosso entendimento, a Boa Nova que o Senhor quis que recebêssemos. Uma tradução empática também não pode substituir a interpretação: faz parte da estrutura da Revelação que a Palavra de Deus seja lida na comunidade interpretativa da Igreja, que a fidelidade e a compreensão sejam combinadas. A Palavra deve existir como ela mesma, em sua própria forma, ainda que estranha; a interpretação deve ser medida pela fidelidade à própria Palavra, mas, ao mesmo tempo, ser acessível ao ouvido moderno.

Neste contexto, a Santa Sé decidiu que na nova tradução do Missal as palavras “pro multis” devem ser traduzidas enquanto tais e não, ao mesmo tempo, serem interpretadas. A simples tradução “por muitos” deve substituir o interpretativo “por todos”. Gostaria de destacar que tanto em Mateus como em Marcos não há artigo, de modo que não é “pelos muitos”, mas “por muitos”. Tendo entendido, como espero, a decisão fundamental sobre a ordenação da tradução e da interpretação, compreendo que isso represente um enorme desafio para todos os que têm a missão de interpretar a Palavra de Deus na Igreja. Sendo que, para os fiéis regulares, isso parecerá, quase inevitavelmente, uma ruptura no coração daquilo que é mais sagrado. Perguntarão: Cristo não morreu por todos? A Igreja mudou seu ensinamento? Isso é possível e permitido? Esta é uma reação contra a herança do Concílio? Todos sabemos, pela experiência dos últimos 50 anos, quão profundamente as mudanças nas formas e textos litúrgicos afetam as pessoas; quanto uma mudança num texto tão central afeta as pessoas. Embora este seja o caso, há muito se defendeu que a tradução de “muitos” fosse precedida por uma profunda catequese sobre a diferença entre tradução e interpretação, uma catequese na qual os bispos devem informar seus padres que, por sua vez, devem explicar de forma clara para os fiéis do que se trata a questão. Esta catequese é um pré-requisito básico antes que a nova tradução entre em vigor. Até onde eu saiba, uma tal catequese ainda não foi dada nas localidades de língua alemã. A intenção da minha carta, caros irmãos, é de pedir urgentemente que uma tal catequese seja estabelecida, para que então seja discutida com os padres e seja imediatamente disponibilizada aos fiéis.

Tal catequese deve primeiramente explicar porque, depois do Concílio, a palavra “muitos” foi traduzida por “todos” no Missal: para claramente expressar a universalidade da salvação desejada por e advinda de Jesus. Isso leva à seguinte pergunta: se Jesus morreu por todos, por que as palavras da Última Ceia dizem “por muitos”? Além disso, Jesus, de acordo com Mateus e Marcos, disse “por muitos”, mas de acordo com Lucas e são Paulo, disse “por vós”. Tal fato estreita ainda mais a questão. Mas, a partir daqui, também podemos chegar a uma solução. Os discípulos sabem que a missão de Jesus os transcende e ao grupo dos apóstolos; que Ele veio para reunir todos os filhos de Deus dispersos (conforme Jo 11, 52). Este “por vós” torna a missão de Jesus bastante concreta para os presentes: eles não são algum elemento anônimo de alguma vasta totalidade, mas todos sabem que o Senhor morreu particularmente por mim, por nós. “Por vós” alcança o passado e o futuro; eu fui nomeado muito pessoalmente; nós, que aqui estamos, somos conhecidos [pessoalmente] por Jesus. Nesse sentido, “por vós” não é uma constrição, mas uma especificação que é válida para cada comunidade que celebra a Eucaristia, que une a si mesma ao amor de Cristo. Nas palavras da consagração, o Canon Romano uniu as duas leituras bíblicas e lê: “por vós e por muitos”. Na reforma litúrgica, esta fórmula foi levada a todas as orações.

Mas, novamente: por que “por muitos”? O Senhor não morreu então por todos? O fato de Jesus Cristo, enquanto Filho de Deus encarnado, ser o Homem para todos os homens, o novo Adão, pertence às certezas básicas da nossa fé. Gostaria de lembrá-los de somente três passagens das Escrituras: Deus deu Seu Filho “por todos nós”, Paulo escreve na Carta aos Romanos (Rom, 8, 32). “Um só morreu por todos”, São Paulo diz na Segunda Carta aos Coríntios, sobre a morte de Jesus (1Cor 5, 14). Jesus “Se deu em resgate por todos”, diz a 1ª Carta a Timóteo (1Tim 2, 6). Mas então podemos nos perguntar novamente: quando tudo isso é tão claro, por que então a Oração Eucarística diz “por muitos”? Bem, a Igreja tomou esta formulação da narrativa da instituição do Novo Testamento. Ela assim o faz por respeito à Palavra de Jesus, para permanecer fiel a Ele também na Palavra. O respeito pela palavra de Jesus é a razão para a formulação da oração. Mas então perguntamos: por que o próprio Jesus falou isso? O verdadeiro motivo para isso é que Jesus, dessa forma, Se revelou como o servo de Deus de Is. 53, Se identificou como a forma que a palavra do profeta esperava. Respeito da Igreja pela Palavra de Jesus, fidelidade a Jesus Palavra das Escrituras: nesta dupla fidelidade se encontra a base sólida para a fórmula “por muitos”. É nesta cadeia de reverente fidelidade que encontramos a tradução literal da Palavra das Escrituras.

Como dissemos anteriormente, o “por vós” na tradição Luca-Paulina não constringe, senão especifica, de modo que podemos afirmar que a dialética de “muitos”- “todos” tem seu próprio significado. “Todos” existe num nível ontológico – o ser e a ação de Jesus inclui toda a humanidade, passada, presente e futura. Mas, de fato, na comunidade concreta daqueles que celebram a Eucaristia, isso envolve somente “muitos”. Deste modo, podemos ver um significado triplo no ordenamento de “muitos” e de “todos”. Em primeiro lugar, deveria significar para nós, que podemos sentar à Sua mesa, surpresa, alegria e gratidão pelo fato d’Ele ter nos chamado, de estarmos com Ele e de podermos conhecê-Lo. “Graças ao Senhor, que por misericórdia me chamou à Sua Igreja …”. Em segundo lugar, é também uma responsabilidade. Como o Senhor alcança os outros – “todos” – a Seu próprio modo permanece um mistério. Mas, sem dúvida, é uma responsabilidade ser chamado para Ele e para Sua mesa, de modo que eu possa ouvir: por vós, por mim Ele sofreu. Os muitos carregam a responsabilidade por todos. A comunidade dos muitos deve ser a luz das velas, a cidade nas montanhas, fermento para todos. É um chamado que se aplica a todos pessoalmente. Os muitos, que somos nós, devem conscientemente praticar sua missão em responsabilidade pela totalidade. Finalmente, podemos adicionar um terceiro aspecto. Na sociedade moderna, temos a impressão que estamos longe de ser “muitos”, senão bem poucos – um pequeno número que continuamente diminui. Mas não – nós somos “muitos”: “Depois disso, eis que vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” nos diz o Apocalipse de João (Ap 7, 9). Somos muitos e representamos todos. Dessa maneira ambas as palavras, “muitos” e “todos” devem ficar juntas e se relacionam entre si na responsabilidade e na promessa.

Excelência, amados irmãos bispos! Com o que escrevi acima, desejei indicar o conteúdo básico da catequese que deve preparar, o quanto antes, padres e leigos, para a nova tradução. Espero que tudo isso possa servir para uma celebração mais profunda da Eucaristia e se torne parte de uma grande missão que se nos desvela no “Ano da Fé”. Espero que esta catequese seja logo apresentada para que se torne parte de uma renovação litúrgica pela qual o Concílio trabalhou desde sua primeira sessão.

Com minhas bênçãos Pascais, permaneço no Senhor,

Benedictus PP XVI
DOUTOR ANGÉLICO

"Fazer penitência é doer-se de algo cometido anteriormente. Já se viu também que a dor ou a tristeza pode ser considerada de duas maneiras. 

1ª. Enquanto é uma paixão do apetite sensitivo. E sob este aspecto, a penitência não é uma virtude, mas uma paixão. 

2ª. Enquanto é um ato da vontade. Nesse caso, ela implica certa escolha. E se esta é feita de maneira reta, pressupõe que seja um ato de virtude. 

Diz Aristóteles que a virtude é “um hábito de escolher conforme a reta razão”. Pertence, porém, à reta razão que alguém se doa daquilo de que se deve doer. E isso acontece na penitência, de que agora se trata. Pois, o penitente assume uma dor moderada dos pecados passados, com a intenção de afastá-los. Daí se segue que é claro ser a penitência, de que agora falamos, uma virtude ou ato de virtude." São Tomás de Aquino


 "A todos quantos agora sentem sede da verdade, dizemos-lhes: ide a Tomás de Aquino
Pio XI, Studiorum Ducem
MEDITANDO COM O SANTO PADRE

"Se os pulmões da oração e da Palavra de Deus não alimentam a respiração da nossa vida espiritual, sofremos o risco de nos sufocarmos em meio às mil coisas de todos os dias: a oração é a respiração da alma e da vida" PAPA BENTO XVI
DO SITE SALVEM A LITURGIA:

D. Slattery: “Eles não deveriam ter visto a antiga liturgia ... como algo que precisava ser corrigido.”

Trecho retirado de Rorate Coeli, a partir da entrevista de D. Edward Slattery, Bispo de Tulsa, EUA, ao National Catholic Register, publicada em 28 de outubro de 2011: D. Slattery sobre a oração, a Missa e as novas vocações.
Pergunta: O senhor tem feito declarações públicas sobre problemas com a liturgia. Que mudanças gostaria de ver?
image  Resposta: Eu gostaria de ver a liturgia se tornar aquilo que o Vaticano I pretendia que ela fosse. Isso não é algo que acontece do dia para a noite. Os Bispos que eram os Padres do Concílio vindos dos Estados Unidos voltaram para casa e fizeram mudanças muito rapidamente. Eles não deveriam ter visto a antiga liturgia, que chamamos de Missa Tridentina ou Missal do Papa João XXIII, como algo que precisava ser corrigido. Nada foi quebrado. Havia uma atitude a indicar que tínhamos que implementar o Vaticano II de um modo que afetasse radicalmente a liturgia.
O que nós perdemos em um curto período de tempo foi a continuidade. A nova liturgia deveria ser claramente identificada com a liturgia da Igreja pré-Vaticano II. Mudanças, como o deslocamento do altar, foram muito súbitas e muito radicais. Não há nada nos documentos do Vaticano II que justifique essas mudanças. Sempre tivemos a Missa de frente ao povo bem como a Missa ad Orientem ("em direção ao Oriente", com o sacerdote e o povo olhando para a mesma direção). Todavia, a Missa ad Orientem era a norma. Essas normas não vieram do Vaticano II.
Ademais, não foi uma sábia decisão acabar com o latim na Missa. Como isso aconteceu, eu não sei; mas os Padres Conciliares nunca pretenderam acabar com o latim. Eles queriam conservá-lo e, ao mesmo tempo, abrir espaço para o vernáculo, notadamente para que as pessoas pudessem entender as Escrituras.
P: O senhor mesmo já começou a celebrar Missas ad Orientem.
image  R: Sim, em nossa catedral e em umas poucas paróquias onde os sacerdotes me pedem. Na maioria das vezes, eu digo a Missa de frente para o povo quando viajo pela Diocese ou quanto tenho um grande número de padres concelebrantes, porque funciona melhor assim.
Alguns sacerdotes têm seguido meu exemplo e celebrado ad Orientem também. Eu não requisitei que mudassem. Prefiro dar o exemplo e deixar o sacerdote pensar sobre isso, rezar por isso, estudar,, e então olhar para suas igrejas e ver se é viável implementar.
P: E é positivo quando o povo pensa e fala sobre a liturgia.
image  R: Quando o povo faz da liturgia parte de suas conversas, isso é uma boa coisa. Quando sacerdotes e leigos discutem liturgia, eles verão quão importante ela é e quanto ela é obra de Deus e não nossa.
Porém, nós devemos nos aproximar da liturgia de joelhos e com uma tremenda humildade, reconhecendo que ela não nos pertence. Ela pertence a Deus. Ela é um dom. Adoramos a Deus não por criar nossas próprias liturgias, mas por receber a liturgia como ela vem até nós pela Igreja. A liturgia deve ser formada e moldade pela Igreja mesma para ajudar as pessoas a rezar melhor. E todos nós rezamos melhor quando estamos dispostos a receber o que Deus tem oferecido, ao invés de criar algo próprio.

DO SITE SALVEM A LITURGIA:

Nova tradução do Missal Romano: "para que haja sempre uma melhor compreensão e fidelidade ao texto original"

5 comentários e 4 referências
Já comentamos aqui a respeito da tradução vigente no Brasil do Missal Romano e de suas imprecisões e mesmo omissões. Também já comentamos um pouco a respeito da tradução em andamento da terceira edição do Missal Romano. Infelizmente a falta de informação por parte da Comissão Episcopal para a Tradução dos Textos Litúrgicos (Cetel) nos impede de acompanhar mais de perto o trabalho sendo realizado. Contudo, as últimas notícias que nos chegam diretamente da Assembléia Geral dos Bispos do Brasil são muito animadoras, via Gaudium Press.

De acordo com Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo de Juiz de Fora (MG), membro da Congregação para a Educação Católica (desde 2007, nomeado pelo Papa Bento XVI), "o que estamos vendo é uma tradução mais adequada das orações que estão em latim, sejam as orações da Missa, sejam as orações também eucarísticas que são fixas e esta tradução é importante para que haja sempre uma melhor compreensão e fidelidade ao texto original".

Quanto à demora na tradução brasileira, Dom Gil afirma que trata-se de um trabalho minucioso, tendo "todo o cuidado, não palavra por palavra, mas vírgula por vírgula", e que "esperamos que seja finalizado em breve, mas eu não tenho a ilusão de saia de hoje para amanhã".

Vale recordar que na época de nossa tradução vigente (segunda edição do Missal Romano) a questão da tradução ainda estava um pouco solta. O passar do tempo e a observação prática dos efeitos positivos e negativos das diversas traduções vernaculares, cada qual guiado por um determinado princípio, levou a um maior discernimento. E assim, foi publicada em 2001 a Instrução LITURGIAM AUTHENTICAM [1] pedindo fidelidade aos textos originais latinos (mas também gregos, hebraicos e aramaicos).

É reconfortante ver que nossos bispos estão procurando ser fiéis ao que pede a Santa Igreja. Não apenas porque devemos servir a Igreja como ela quer ser servida, mas porque as traduções fiéis aos originais manifestam uma maior unidade de todos os fiéis do Rito Romano, independentemente da língua que falam, bem como revelam os tesouros de nossa tradição litúrgica. E mais, não nos transmite uma certa segurança saber que já na Oração Eucarística de Santo Hipólito de Roma (meados do séc. III) [2] encontramos o diálogo que antecede o prefácio (- Dominus Vobiscum. - Et cum spiritu tuo. ...), e que este provavelmente data dos tempos apostólicos[3]?

Por fim, no maior espírito de humildade, deixamos uma sugestão para a Cetel: embora entendamos que um certo sigilo seja conveniente para o bom andamento dos trabalhos da comissão, por que não disponibilizar um rascunho de parte das traduções já aprovadas pela CNBB ou pela Santa Sé (supondo que a aprovação seja por partes)? Foi o que fez a conferência episcopal norte-americana (atualmente, com a tradução aos falantes de língua inglesa já concluída, o rascunho do Ordinária da Missa foi removido do site da conferência). Certamente isso colaboraria para que os novos textos, mais fiéis ao texto latino, fossem sendo acolhidos de forma mais gradual e com o maior e devido cuidado que a introdução da nova tradução exigirá.

Coloquemos o trabalho da Cetel em nossas orações, para a maior glória de Deus e para o bem do povo de Deus.

[1] Quinta Instrução "Para a Reta Aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II" LITURGIAM AUTHENTICAM: Sobre o uso dos idiomas vernaculares na publicação dos livros da Liturgia Romana. Disponível na íntegra em latim e inglês; press release disponível em português.

[2] ROUET, Albert. A missa na história. São Paulo: Paulinas, 1981.

[3] Dominus Vobiscum - Catholic Encyclopedia.

terça-feira, 24 de abril de 2012

 
 O SAGRADO MAGISTÉRIO ENSINA
 
"Bem vedes, ó Veneráveis Irmãos, as incessantes e graves lutas que trabalham a Igreja. Vedes que a moralidade pública e a própria fé - o maior dos bens e o fundamento de todas as outras virtudes estão expostas a perigos sempre mais graves. Assim também vós não só conheceis a Nossa difícil situação e as Nossas múltiplas angústias, mas, pela caridade que a Nós tão estreitamente vos une, as sofreis juntamente conosco.

Porém o fato mais doloroso e mais triste de todos é que tantas almas, remidas pelo sangue de Cristo, como que arrebatadas pelo turbilhão desta época transviada, vão-se precipitando numa conduta sempre mais depravada, e se abismam na eterna ruína; por isto a necessidade do divino auxílio certamente não é menor hoje do que a que era sentida quando o grande Domingos, para curar as feridas da sociedade, introduziu a prática do Rosário mariano. Iluminado do alto, ele viu claramente que para os males do seu tempo não havia remédio mais eficaz do que reconduzir os homens a Cristo, que é "caminho, verdade e vida", mediante a freqüente meditação da Redenção por Ele operada; e interpor junto a Deus a intercessão dessa Virgem a quem foi concedido "aniquilar todas as heresias".

Por este motivo ele dispôs a prática do Rosário de modo que fossem sucessivamente recordados os mistérios da nossa salvação, e a este dever da meditação se entremeasse como que uma mística coroa de saudações angélicas, intercaladas pela oração a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós, pois, que andamos procurando um igual remédio para não diversos males, não duvidamos de que a mesma oração, pelo santo Patriarca introduzida com tão notável vantagem para o mundo católico, tornar-se-á eficacíssima para aliviar também as calamidades dos nossos tempos." Papa Leão XIII, Encíclica
Supremi Apostolatus Officio

domingo, 22 de abril de 2012

Bento XVI: Jesus nos assegura sua presença real na Eucaristia


Vaticano, 22 Abr. 12 / 02:40 pm (ACI/EWTN Noticias)

Em seu discurso prévio à oração do Regina Caeli, este domingo na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI assinalou que Jesus assegura aos fiéis sua presença real entre nós, através da Palavra e da Eucaristia.

“Assim como os discípulos de Emaús reconheceram Jesus ao partir o pão, assim também nós encontramos o Senhor na Celebração Eucarística”, indicou.

O Papa remarcou que, tal como ensinou Santo Tomás de Aquino, é “necessário reconhecer segundo a fé católica, que todo o Cristo está presente neste sacramento”.

Depois de recordar que no tempo pascal, freqüentemente a Igreja administra a Primeira Comunhão às crianças, Bento XVI exortou os párocos, pais de família e catequistas em todo mundo a que “preparem bem esta festa da fé, com grande ardor, mas também com sobriedade”.

O Papa Bento XVI pediu à Virgem Maria que “nos ajude a escutar com atenção a Palavra do Senhor e a participar dignamente na mesa do Sacrifício Eucarístico, para converter-nos em testemunhos da nova humanidade”.

Do site ACI Digital

PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS NA SANTA MISSA


IMPORTÂNCIA DO CULTO INTERNO

   Já que é o ato central do culto divino, a Santa Missa deve ocupar o centro da existência de um cristão.
   O elemento essencial da participação do fiel consiste em UNIR  os próprios sentimentos de adoração, ação de graças, expiação e impetração aos que teve JESUS CRISTO ao morrer por nós, e que devem animar o sacerdote que oferece o Sacrifício da Missa. Esta união do culto interno, que se exterioriza nos atos externos, é que torna proveitosa a participação do fiel na Santa Missa. Limitar a participação do fiel a seguir os gestos e a repetir as palavras que se dizem no altar, considera Pio XII, "rito vão e formalismo sem sentido". (Mediator Dei).

   Já no Antigo Testamento, Deus rejeita os sacrifícios meramente exteriores: não só aqueles em que as vítimas, por manchadas, eram indignas do altar do Senhor, mas também aqueles em que se imolavam animais puros e luzidios. E no Novo Testamento, de modo geral, reprova o Divino Mestre aqueles que honram ao Senhor com os lábios e mantêm o coração longe d'Ele. (Cf. S. Mc. 7, 6; Isaías, 29, 13).
   Comentando as palavras de Nosso Senhor, diz Pio XII: "O Divino Mestre julga que são indignos do templo sagrado, e dele devem ser expulsos, os que presumem dar honra a Deus somente com palavras afetadas e atitudes teatrais, persuadindo-se que podem muito bem prover a sua eterna salvação, sem de seus espíritos arrancarem pela raiz os vícios inveterados".
   Os fiéis devem considerar suma honra participar no Sacrifício Eucarístico de maneira que a "união com o Sumo Sacerdote não possa ser mais íntima, conforme a palavra do Apóstolo: Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. (Fil. 2, 5). Isto exige de todo cristão que reproduza em si, quanto está nas possibilidades humanas, o mesmo estado de alma que tinha o divino Redentor quando realizava o Sacrifício de Si mesmo: a humilde submissão do espírito e a adoração, honra, louvor e ação de graças à Suprema Majestade de Deus; mais, reproduza em si mesmo a condição de vítima, a abnegação segundo os preceitos do Evangelho, o voluntário e espontâneo exercício da penitência, a dor e a expiação dos próprios pecados; numa palavra: QUE TODOS ESPIRITUALMENTE MORRAMOS COM CRISTO NA CRUZ,  de modo a podermos dizer com São Paulo: "Estou pregado na Cruz com Cristo." (Gal. 2, 19).
   Sendo, pois, os sentimentos internos o elemento essencial de nossa participação ativa no Sacrifício da Missa, é lógico que toda a participação externa só é boa quando nos leva àquela participação íntima, essencial.
   Já que a finalidade do Sacrifício é externar os sentimentos internos de adoração, ação de graças, expiação e impetração de favores, qualquer maneira de participar da Santa Missa que vise a excitar estes sentimentos é boa. Eis a razão porque Pio XII não quer que sejamos exclusivistas em determinar o modo como deverão os fiéis participar do Sacrifício Eucarístico.
   "Nem todos, diz o Papa Pio XII, estão aptos a compreender como convém os ritos e cerimônias litúrgicas. O talento, a índole e a mentalidade dos homens são tão vários e dessemelhantes, que nem todos podem igualmente ser impressionados e orientados pelas orações, cânticos e funções litúrgicas feitas em comum. Além disso, as necessidades e inclinações das almas não são iguais em todos, nem se conservam as mesmas em cada qual."
Retirado do blog: http://jesusviaveritasetvita.blogspot.com.br/
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sábado, 21 de abril de 2012

MEDITANDO COM OS SANTOS

"A confissão, que é o banho da alma, deve ser feita a cada oito dias. Eu não consigo manter a minha alma afastada da confissão por mais que oito dias." São Pio de Pieltrecina
O SAGRADO MAGISTÉRIO ENSINA

 

“Convém repeti-lo, para inflamar o zelo dos Ministros do Senhor; já é crescidíssimo, e aumenta cada dia mais, o número dos que tudo ignoram em matéria de Religião, ou têm de Deus e da Fé Cristã conceito tal, que, em plena Luz da Verdade Católica, lhes permite viver como pagãos. Ai! Quão grande é o número, não diremos de meninos, mas de adultos e até de anciãos, encurvados pela idade, que ignoram absolutamente os principais Mistérios da Fé, e, ouvindo falar de Cristo, respondem: “Quem é Ele… para que eu creia n’Ele?” (Jo 9,36).

(...)

Se é coisa vã esperar colheita de terra que não foi semeada, como se pode esperar gerações adornadas de boas obras, se oportunamente não foram instruídas na Doutrina Cristã?  Donde justamente inferimos que, se a Fé enlanguesce em nossos dias a ponto de que em muitos sujeitos parece morta, é que se tem cumprido descuidadamente, ou se omitiu de todo, a obrigação de ensinar as Verdades contidas no Catecismo.” Encíclica Acerbo Nimis - São Pio X

Seminaristas rezam pela Vida em frente a uma clínica de aborto.

Pontifício Colégio Josephinum – Seminaristas do seminário Josephinum deram testemunho da sacralidade da vida rezando o Rosário em frente a uma clínica de aborto, em Columbus (Ohio, EUA) no dia 17 de março. O padre James Wehner, reitor, explicou que “os seminaristas precisam enxergar visivelmente as forças do mal em funcionamento e responder com um ato de fé em que a oração se torna a grande força.”

Um grupo de seminaristas reza todos os sábados em uma clínica local; a eles se lhes acompanha toda a comunidade do seminário e o reitor, que conduz o Rosário, uma vez a cada semestre.


quarta-feira, 18 de abril de 2012



CHESTERTON


"Há um famoso ditado que a alguns parece falta de reverência, embora de fato seja um esteio de uma parte importante da religião: “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-Lo.” Isso não é totalmente diferente de algumas das ousadas questões com que Santo Tomás de Aquino inicia sua grande defesa da fé. Alguns dos modernos críticos de sua fé, especialmente seus críticos protestantes, cometeram um erro divertido, por causa de sua ignorância do latim e do antigo uso da palavra DIVUS, e acusaram os católicos de descreverem o Papa como Deus. Os católicos, preciso dizer, estão tão próximos a chamar o Papa de Deus quanto de chamar um gafanhoto de Papa. Mas há um sentido em que eles realmente reconhecem uma correspondência eterna entre a posição do Rei dos Reis no universo e a do seu Vigário no mundo, como a correspondência entre uma coisa real e sua sombra; uma similaridade parecida com a similaridade imperfeita e defeituosa entre Deus e a imagem de Deus. E entre as coincidências dessa comparação pode ser colocado o caso deste epigrama. O mundo se encontrará mais e mais na posição em que mesmo os políticos e os homens práticos se pegarão dizendo: “Se o Papa não existisse, seria necessário inventá-lo.”" G. K. CHESTERTON

Lefebvrianos, a resposta positiva chegou.

O superior da Fraternidade São Pio X subscreveu o preâmbulo doutrinal proposto pela Santa Sé, embora com algumas leve mudanças.

Andrea Tornielli – Cidade do Vaticano | Tradução: Giulia d’Amore.


A resposta da Fraternidade São Pio X chegou ao Vaticano e é positiva: de acordo com as indiscrições recolhidas por Vatican Insider, o superior dos lefebvrianos, o bispo Bernard Fellay, teria assinado o preâmbulo doutrinal que a Santa Sé havia proposto em setembro passado, como condição para chegar à plena comunhão e ao enquadramento canônico.
Um confirmação oficial da resposta positiva deverá chegar nas próximas horas. Pelo que se sabe, o texto do preâmbulo enviado por Fellay propõe algumas alterações não substanciais em relação à versão entregue pelas autoridades vaticanas: como se lembrarão, a mesma Comissão Ecclesia Dei não quis tornar público o documento (duas páginas, bastante densas), justamente porque havia a possibilidade de introduzir eventuais pequenas alterações, que não mudariam o sentido.
Em essência, o preâmbulo contém a “professio fidei,” a profissão de fé exigida por aqueles que assumem um ofício eclesiástico. Então, estabelece que deve ser dado “um religioso obséquio da vontade e da inteligência” aos ensinamentos que o Papa e o colégio dos bispos “propõem, quando exercem o seu magistério autêntico”, mesmo que não sejam proclamados e definidos em modo dogmático, como no caso da maioria dos documentos do Magistério. A Santa Sé tem repetidamente dito aos seus interlocutores da Fraternidade São Pio X que assinar o preâmbulo doutrinal não significaria colocar um fim à “legítima discussão, ao estudo e à explicação teológica das expressões ou declarações individuais constantes dos documentos do Concílio Vaticano II”.
Agora, o texto do preâmbulo com as alterações propostas por Fellay, e por ele assinado como superior da Fraternidade São Pio X, será submetido a Bento XVI, que, no dia seguinte ao octogésimo quinto aniversário e na véspera do sétimo aniversário da eleição, recebe uma resposta positiva dos lefebvrianos. Uma resposta muito aguardada e desejada por ele, que, nas próximas semanas, colocará fim à ferida aberta em 1988, com as ordenações episcopais ilegítimas celebradas pelo arcebispo Marcel Lefebvre.
Não está excluído que a resposta de Fellay seja examinada pelos cardeais da Congregação para a Doutrina da Fé, na próxima reunião da “Feria quarta”, que deverá ser realizada na primeira metade de maio. Enquanto a acomodação canônica deverá demorar mais algumas semanas: a proposta mais provável é a de instituir uma “prelazia pessoal”, figura judicial introduzida no Código de Direito Canónico em 1983 e até agora só utilizada pela Opus Dei. O prelado depende diretamente da Santa Sé. A Fraternidade São Pio X continuará a celebrar a Missa segundo o Missal antigo, e a formar os seus padres em seus seminários.
MEDITANDO COM OS SANTOS



"Ai de nós! É uma grande verdade, Nosso Senhor no Santísismo Sacramento não é amado!
Primeiro, por esses milhões de pagãos, por esses milhões de infiéis, por esses milhões de cismáticos e de heréticos que não conhecem ou conhecem mal a Eucaristia.
Oh! entre tantos milhares de criaturas em quem Deus colocou um coração capaz de amar, quantas amariam o Santíssimo Sacramento se O conhecessem como eu!
Não devo, ao menos, esforçar-me em amá-l'O por elas em seu lugar?
Entre os católicos, são poucos, muito poucos os que amam a Jesus no Santíssimo Sacramento: quantos pensam n'Ele frequentemente? n'Ele falam? vão adorá-l'O, recebê-l'O?"  São Pedro Julião Eymard

segunda-feira, 16 de abril de 2012

PARABÉNS DOCE CRISTO NA TERRA,  MUITOS E SANTOS ANOS DE VIDA!



O Santo Padre, o Papa Bento XVI, completa hoje 85 anos. Ontem, durante a oração do Regina Caeli, ele afirmou sobre o outro aniversário que se aproxima, o de sua eleição ao Sólio Pontifício: “Na próxima quinta-feira, por ocasião do sétimo aniversário da minha eleição para a sede de Pedro, peço-vos que rezem por mim, para que o Senhor me dê a força de cumprir a missão que me foi confiada”.

℣. Oremus pro Pontifice nostro Benedicto.
℟. Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.
℣. Tu es Petrus,
℟. Et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.
Oremus.
Deus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Benedictum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam.
Per Christum, Dominum nostrum.
℟. Amen.

domingo, 15 de abril de 2012

DOUTOR ANGÉLICO

"Alguns há que acreditam que Deus governa e ordena as coisas naturais, mas não acreditam que Deus atinja, pela sua Providência, os atos humanos. Evidentemente pensam que os atos humanos não são ordenados por Deus, porque vêem no mundo os bons sofrerem e os maus prosperarem, concluem que a Providência Divina não atinge os homens. Afirmar tal coisa, é grande insensatez. Acontece com os que assim pensam, o que acontece àqueles que vendo o médico bom conhecedor da medicina dar a um doente água e a outro vinho, julgassem, no seu desconhecimento da medicina, que o médico estava curando por acaso, e não, por motivo ponderado. Deus também age como médico. Por motivo justo e pela sua Providência dispõe Ele as coisas necessárias para os homens, quando aflige alguns bons e permite que alguns maus prosperem. Quem acreditasse que isso fosse obra do acaso, evidentemente deveria ser um insensato, como de fato o é. Assim pensa, porque desconhece a maneira de Deus agir, e a razão pela qual dispõe as coisas." São Tomás de Aquino
O SAGRADO MAGISTÉRIO ESINA

"Exortação a amar a Igreja

89. Até aqui, veneráveis irmãos, meditando o mistério da nossa arcana união com Cristo, procuramos, como doutor da Igreja universal, iluminar as inteligências com a luz da verdade; agora julgamos conforme ao nosso múnus pastoral excitar os corações a amar o corpo místico, com ardente caridade, que não se fique em pensamentos e palavras, mas se traduza em obras. Se os fiéis da antiga lei cantaram da cidade terrena: "Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, paralise-se a minha mão direita; fique presa a minha língua ao meu paladar, se eu não me lembrar de ti, se não tiver Jerusalém como a primeira das minhas alegrias" (Sl 136,5-6); com quanto maior ufania e júbilo não devemos nos regozijar por habitarmos a cidade edificada sobre o monte santo, com pedras vivas e escolhidas, "tendo por pedra angular Cristo Jesus" (Ef 2,20;1Pd 2,45). Realmente não há coisa mais gloriosa, mais honrosa, mais nobre, que fazer parte da Igreja, santa, católica, apostólica, romana, na qual nos tornamos membros de tão venerando corpo; nos governa uma tão excelsa cabeça; nos inunda o mesmo Espírito divino; a mesma doutrina, enfim, e o mesmo Pão dos Anjos nos alimenta neste exílio terreno, até que, finalmente, vamos gozar no céu da mesma bem-aventurança sempiterna.

a) Com amor sólido

90. Mas para que não nos deixemos enganar pelo anjo das trevas, transfigurado em anjo de luz (cf. 2Cor 11,14), seja esta a suprema lei do nosso amor: amar a esposa de Cristo tal como Cristo a quis e a adquiriu com seu sangue. Portanto não só devemos amar sinceramente os sacramentos, com que a Igreja, mãe extremosa; nos sustenta, e as solenidades com que nos consola e alegra, os cantos sagrados e a liturgia, com que eleva as nossas almas à, coisas do céu, mas também os sacramentais e os vários exercícios de piedade com que suavemente impregna de Espírito de Cristo e conforta as almas. E não só é nosso dever pagar com amor, como bons filhos, o seu materno amor para conosco, senão também venerar a sua autoridade que ela recebeu de Cristo e com que cativa as nossas inteligências em homenagem a Cristo (cf. 2Cor 10,5); e não menos obedecer às suas leis e preceitos morais, às vezes molestos à nossa natureza decaída; refrear a rebeldia deste nosso corpo com penitência voluntária, e até mortificar-nos, privando-nos de quando em quando de coisas agradáveis, embora não perigosas. Nem basta amar o corpo místico no esplendor da cabeça divina e dos dons celestes que o exornam; devemos com amor efetivo amá-lo tal qual se nos apresenta na nossa carne mortal, composto de elementos humanos e enfermiços, embora por vezes desdigam um pouco do lugar que ocupam em tão venerando corpo."   Venerável Servo de Deus Papa Pio XII - Encíclica Mystici Corporis

sábado, 14 de abril de 2012

PRIMEIRO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA

Só em Deus se acha a verdadeira paz.


Venit Iesus, et stetit in medio, et dixit eis: Pax vobis - “Veio Jesus, e pôs-se no meio e disse-lhes: A paz seja convosco” (Io. 20, 9).

Sumário. Assim é: só em Deus se acha a verdadeira paz; porque, tendo Deus criado o homem para si, o Bem infinito, só Ele pode fazê-lo contente. Quem quiser gozar esta paz, deve repelir de seu coração tudo que não seja Deus, que feche as portas dos sentidos a todas as criaturas e viva como que morto aos afetos terrestres. É isto exatamente o que o Senhor quis dar a entender aos apóstolos, quando, aparecendo para lhes anunciar a paz, quis ambas as vezes entrar aonde estavam os apóstolos, estando as portas fechadas.

I. Refere São João que, achando-se os apóstolos juntos numa casa, Jesus Cristo ressuscitado entrou ali, posto que as portas estivessem fechadas, e pondo-se no meio, disse-lhes duas vezes: A paz seja convosco. Repetiu as mesmas palavras oito dias depois, aparecendo-lhes mais uma vez, estando fechadas as portas. Pax vobis – “A paz seja convosco”. – Com estas palavras quis Jesus Cristo dar-nos a entender “que Ele é a nossa paz; Ele que dos dois fez um, desfazendo em sua carne, com o sacrifício de sua vida, o inconsistente muro de separação, as inimizades”. (1)

Com efeito: só em Deus se acha a verdadeira paz; porque, tendo Deus criado o homem para si mesmo, o Bem infinito, só Ele pode plenamente satisfazê-lo. Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui (2) – “Deleita-te no Senhor, e te outorgará as petições de teu coração”. Quando alguém acha as suas delícias só em Deus e não busca coisa alguma fora dele, Deus cuidará em satisfazer-lhe todos os desejos do coração.

Insensatos portanto são aqueles que dizem: Bem-aventurado o que pode gastar dinheiro à vontade! Que pode mandar nos outros! Que pode gozar os prazeres que deseja. Loucura! Bem-aventurado é somente o que ama a Deus, o que diz deveras que Deus só lhe basta. A experiência demonstra bem patentemente, que muitos dos que o mundo chama felizes, por grandes que sejam as suas riquezas e altas as suas dignidades, todavia levam vida infeliz, nunca estão contentes, jamais gozam um dia de verdadeira paz. Ao contrário, tantos bons religiosos que vivem num deserto ou numa gruta, sujeitos a enfermidades, à fome, ao frio, estão contentes e exultam de alegria. E porque? Porque eles só se ocupam com Deus, Deus os consola. Ah! A paz que o Senhor faz provar a quem o ama, está acima de todas as delícias que o mundo pode dar! Pax Dei quae exsuperat omnem sensum (3).

II. Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus (4) – “Provai e vede quão suave é o Senhor”. Ah, mundanos! Exclama o Profeta, porque desprezais a vida dos santos, sem que a tenhais experimentado? Experimentai-a uma só vez: afastai-vos do mundo, dai-vos a Deus, e vereis quanto melhor sabe Ele consolar-vos do que todas as grandezas e delícias que andais procurando para vossa perdição. – Verdade é que também os santos sofrem na vida presente grandes tribulações; mas com a resignação à vontade de Deus, nunca perdem a paz. Numa palavra, eles estão acima das adversidades e vicissitudes deste mundo, e por isso vivem sempre numa tranqüilidade imperturbável.

Mas quem quiser estar sempre unido com Deus e gozar continua paz, deve banir do coração tudo que não seja Deus, guardar as portas dos sentidos fechadas a todas as criaturas e viver como que morto aos afetos terrestres. É exatamente o que o Senhor quis dar a entender, quando, na aparição aos apóstolos, entrou duas vezes, como narra o Evangelho, estando fechadas as portas: cum fores essent clausae. “Em sentido místico”, explica Santo Tomás, “devemos aprender disso que Jesus Cristo não entra em nossas almas enquanto não tivermos fechado as portas dos sentidos.”

Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, ajudai-me a romper todos os laços que me prendem ao mundo. Fazei com que eu não pense em outra coisa senão em Vos agradar. Felizes daqueles a quem só Vós bastais! Senhor, dai-me a graça de não buscar nada fora de Vós e de não desejar senão o vosso amor. Por vosso amor renuncio também as consolações espirituais. Nada mais desejo senão cumprir a vossa vontade e dar-Vos gosto. “Fazei, ó Deus todo poderoso, com que havendo concluído a celebração das festas pascais, pela vossa graça conserve, na vida e costumes, o espírito das mesmas. (5) – Ó Mãe de Deus, Maria, recomendai-me a vosso Filho, que não vos nega nada. (*II 301.)

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1. Eph. 2, 14.
2. Sal. 36, 4.
3. Phil. 4, 7.
4. Sal. 33, 9.
5. Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 19 - 21.)

O SAGRADO MAGISTÉRIO ENSINA

"Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um acto que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à Lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão, e proclamada pela Igreja."  Beato João Paulo II - Evangelium Vitae, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana

DIGA NÃO AO ABORTO! 
 SUMMORUM PONTIFICUM E O CARIRI


Salve Maria!


A publicação do Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI em meados de 2007  devolveu a plena cidadania litúrgica dentro da vida da Igreja Católica ao Santo Sacrifício da Missa segundo o rito anterior à reforma do Papa Paulo VI, conhecido por rito Gregoriano ou rito Tridentino.

Depois da entrada em vigor do referido documento pontifício, as celebrações  segundo o Rito Extraordinário espalharam-se por muitas Dioceses ao redor do mundo e vem ganhando força graças ao interesse cada vez maior dos fiés católicos, em especial jovens, ansiosos por celebrações liturgicas onde o sagrado e o sobrenatural estejam presentes e não as famosas e infelizes "criatividades" dos que deveriam conservar o tesouro litúrgico da Igreja.

Infelizmente na Diocese do Crato ainda não contamos com uma celebração regular do Santo Sacrifício da Missa segundo sua forma extraordinária do rito romano o qual, nas palavras do Santo Padre: "impulsionou na vida espiritual a numerosos santos e fortaleceu a tantos povos na virtude da religião e fecundou sua piedade".

De fato quantos Santas e Santos de Deus que rezaram ou assistiram a Santa Missa segundo o rito anterior e a partir dela cresceram na Fé e no Amor a Deus e sua Igreja? Santa Teresa de Jesus, Santa Terezinha do Menino Jesus, São Pio de Pieltrecina, São João Bosco, Santo Inácio de Loyola, Santo Antonio de Santana Galvão, São Vicente de Paulo e muito outros, todos frutos de um rito venerável, verdadeiro tesouro da Igreja.

Por ser um grande Tesouro da Santa Igreja é que nos dispomos a lutar ao menos por uma celebração regular da Santa Missa Tridentina na Diocese do Crato, mas sabemos que não será uma batalha fácil, uma vez que ela se dá não apenas no campo natural, mas no sobrenatural.

E no entanto, é preciso lutar e não desanimar, começando por reformar nossas vidas e adequá-las à vontade de Deus, Nosso Senhor, a quem pertence a vitória de toda esta batalha e a Quem agrada um coração reto.  

Outrossim, mister se faz a oração incessante, clamando a Deus pela eficácia do Motu Proprio não só na Diocese do Crato, mas em toda a Santa Igreja, é pela oração, muita mais que qualquer outra arma, que venceremos esta guerra, oração unida à mortificação e penitência. Penitência por nossos pecados, penitência pelas irreverências litúrgicas, pela desobidiência ao Vigário de Cristo na Terra.

Por fim, faz-se urgente a união de todos os leigos da nossa região que tenham interesse na Missa Tridentina para lutarmos juntos por sua divulgação e celebração na Diocese do Crato, não podemos mais estar como os inimigos de Deus e de Sua Igreja querem, separados, cabisbaixos, desesperançados, não! 


Temos que lutar pela Santa Missa na forma extraordinária em nossa Diocese, uma vez que estaremos apenas buscando o exercício de um direito dado pelo Santo Padre,  não podemos deixar as coisas como estão, ainda que sejamos indignos de tão grande graça como a da Santa Missa Tridentina.


Lançamos aqui no blog, portanto, uma campanha pedindo a todos que se interessam pela Missa Tridentina e sejam da região do Cariri ou, que não sendo possam nos ajudar, a entrar em contato pelo nosso email tradicaocariri@yahoo.com.br, para que possamos trabalhar por um Encontro Caririense de Leigos ligados ao rito Tradicional e a partir daí trabalharmos unidos, como grupo estável, pela Glória de Deus e Exaltação da Santa Igreja.


Que o bom Deus, pela interecessão da Nossa Rainha e Mãe, possa nos conceder luz e graça para chegarmos com êxito ao final desta jornada!