sexta-feira, 10 de agosto de 2012

El Liberalismo es pecado, D. Felix Sardà y Salvany

VII
Em que consiste principalmente a razão intrínseca do chamado Liberalismo Católico

Se bem refletimos, a essência íntima do Liberalismo chamado católico, por outras palavras, Catolicismo liberal, consiste provavelmente apenas num falso conceito do ato de fé.

Segundo o seu modo de pensar, parece que os católicos liberais fundamentam todos os motivos da sua fé, não na autoridade de Deus, infinitamente verdadeiro e infalível, que se dignou revelar-nos o caminho único que nos há de conduzir à bem-aventurança sobrenatural, mas na livre apreciação de um juízo individual, que lhes dita ser melhor uma crença, que outra qualquer.

Não querem reconhecer o magistério da Igreja, único autorizado por Deus para propor aos fiéis a doutrina revelada e determinar-lhe o sentido genuíno; antes, arvorando-se eles em juízes da doutrina, admitem a parte que bem lhes parece, reservando-se não obstante o direito de crer na contrária, sempre que razões aparentes pareçam provar-lhes ser hoje falso o que ontem aceitavam como verdadeiro. (NOTA DO BLOG: Quantos católicos não conhecemos hoje em dia que ousam discordar do Magistério da Igreja sem nenhum receio?)

Para refutação de semelhante teoria basta conhecer a doutrina fundamental De fide, exposta sobre esta matéria pelo Santo Concílio do Vaticano [Primeiro].
.
Demais, chamam-se católicos porque crêem firmemente que o Catolicismo é a única e verdadeira revelação do Filho de Deus; porém chamam-se católicos liberais, ou católicos livres, porque julgam que esta sua crença não lhes deve ser imposta a eles, nem a ninguém, por outro motivo superior, senão o da sua livre apreciação. Donde resulta que, sem o pressentirem, o diabo lhes substituiu arteiramente o princípio sobrenatural da fé pelo princípio naturalista do livre exame; e assim, ainda que julguem ter fé nas verdades cristãs, não as têm, mas apenas simples convicção humana; o que é essencialmente distinto.

A conseqüência é que julgam a sua inteligência livre em crer ou não crer, e igualmente livre a de todos os outros. (NOTA DO BLOG: Outra vez, quantos católicos, em nossos tristes dias, não admitem sem constrangimentos, que cada um busque o que lhe der na telha?!)

Na incredulidade, pois, não vêem um vício, enfermidade ou cegueira voluntária do entendimento e mais ainda do coração, mas sim um ato lícito da jurisprudência interna de cada um, tão senhor de si para crer, como para não admitir crença alguma. Por isso, coaduna-se com este princípio o horror a toda a pressão moral ou física, que externamente venha a castigar ou prevenir a heresia; e daí o horror às legislações civis francamente católicas. Daí o respeito sumo, com que entendem dever ser tratadas sempre as convicções alheias, ainda as mais opostas à verdade revelada; pois para eles são tão sagradas quanto errôneas, como quando verdadeiras, visto que todas nascem do mesmo sagrado princípio de liberdade intelectual, em vista do qual se fundamenta um dogma chamado tolerância, e se dita para a polêmica católica contra os hereges um novo código de leis, que nunca conheceram os grandes polemistas católicos da antiguidade.

Sendo essencialmente naturalista o conceito primário da fé, segue-se daí que há de ser naturalista todo o seu desenvolvimento no indivíduo e na sociedade. Daí o apreciar-se a Igreja, principal e quase exclusivamente às vezes, pelas vantagens de cultura e civilização que proporciona aos povos, esquecendo e quase nunca citando para nada o seu fim primário sobrenatural, que é a glorificação de Deus e a salvação das almas. Daquele falso conceito aparecem eivadas várias apologias católicas, que se escrevem na época atual. De sorte que, para essas tais, se o Catolicismo tivesse por infelicidade ocasionado algures um atraso material para os povos, já não seria verdadeira nem louvável, em boa lógica, uma tal religião. E tanto assim podia ser, que, indubitavelmente para alguns indivíduos e famílias tem sido ocasião de verdadeira ruína material a fidelidade à sua religião, sem que ela por isso deixasse de ser coisa muito excelente e divina.

É este o critério que dirige a pena da maior parte dos periódicos liberais, que, se lamentam a demolição dum templo, só apontam nisso a profanação da arte; se advogam as ordens religiosas, não fazem mais que ponderar os benefícios que prestaram às letras; se exaltam a Irmã da Caridade, é apenas em consideração aos humanitários serviços com que suaviza os horrores da guerra; se admiram o culto, é apenas em atenção ao seu brilho exterior e à sua poesia; se na literatura católica respeitam a Sagrada Escritura, é fixando-se apenas na sua majestosa sublimidade.

Deste modo de encarecer as coisas católicas unicamente por sua grandeza, beleza, utilidade ou excelência material, segue-se em boa lógica que merece iguais louvores o erro, quando reunir tais condições, como sem dúvida as reúne aparentemente em mais de uma ocasião algum dos falsos cultos.

A maléfica ação deste princípio naturalista até chega à piedade, convertendo-a em verdadeiro pietismo, isto é, em falsificação da piedade verdadeira. Assim o vemos em tantas pessoas, que não buscam nas práticas religiosas mais que a emoção, o que é puro sensualismo da alma e mais nada. Assim aparece inteiramente desvirtuado hoje em dia em muitas almas o ascetismo cristão, que é a purificação do coração por meio do enfraquecimento dos apetites, e desconhecido o misticismo cristão, que não é a emoção, nem a consolação interior, nem alguma outra dessas delícias humanas, senão a união com Deus por meio da sujeição à sua santíssima vontade, e por meio do amor sobrenatural.

Por isso é catolicismo liberal, ou melhor, catolicismo falso, grande parte do Catolicismo usado hoje por certas pessoas. Não é o Catolicismo, é mero Naturalismo, é Racionalismo puro, é Paganismo com linguagem e formas católicas, se nos permitem a expressão.


Acesse o Artigo Original: http://blog.christifidei.com/2011/07/o-liberalismo-parte-4.html#ixzz23B8jvfmC

Nenhum comentário:

Postar um comentário